Pesquise no blog :)

11 de setembro de 2012

Terrorismo nada poético



                Hoje, 11 de setembro, andando por uma das ruas mais movimentadas da Zona Sul da cidade notei um tumulto: uma equipe grande (12 pessoas, entre assistentes sociais, guardas municipais e policiais militares) tentando convencer uma moradora de rua a entrar em uma Kombi, que a levaria, junto com sua filha, para um abrigo. Revoltada, a moça gritava coisas como “trabalho vocês não dão, né? Mais fácil morar no morro, traficar, roubar...”. Por fim, ela entrou no carro, mesmo contra a sua vontade.
               Não sou contra a ‘’remoção’’ (acho esse termo horrível...) de moradores de rua. Só que temos que observar alguns pontos.

1º) As péssimas condições que os abrigos oferecem. Alguns chegam a servir comida estragada.

2º) O cerceamento da liberdade. O morador de rua, apesar de todos os problemas que enfrenta, está acostumado a ter liberdade. Ele anda “por onde quer” (entre muitas aspas), acorda e vai dormir a hora que bem entende. Os abrigos possuem regras que os moradores de rua simplesmente não estão acostumados. E simplesmente não conseguem se adaptar de uma hora pra outra.

3º) A remoção dos moradores de rua estar, coincidentemente (claro...), acontecendo há menos de um mês da eleição. E o atual prefeito estar apoiando um candidato. Que provavelmente irá para o segundo turno.

4º) A presença de policiais militares. A função dos policiais militares é garantir a ordem e a segurança pública. Até aí, ok. O grande problema é a ameaça que esses PMs representam. Eu acompanhei o caso de dois moradores de rua que foram levados para o abrigo. Em ambos os casos foi com mulheres que tinham filhos. A primeira foi bastante agressiva, mas percebam, eram 12 pessoas. Quatro assistentes sociais e quatro guardas municipais (portando cacetete, como sempre). Era mesmo necessária a presença de policiais militares? Afim de quê? Qual era a real necessidade da presença dessa força nessa “operação”? Não consigo pensar em outra coisa a não ser coerção. Intimidação. Ameaça. Eram 12 pessoas “contra” uma. Isso é, no mínimo, covardia. E em ambos os casos foi, no mínimo, completamente desnecessário.

               Pra não ser injusta, no caso da segunda moradora de rua removida, pude acompanhar do início ao fim e reconheço que o trabalho de uma assistente social foi muito bem feito. Gostei muito da postura da assistente, que ajoelhou ao lado da moradora e não poupou tempo ou esforço para conversar calmamente com ela, falar que ir pro abrigo seria melhor pra ela e seu filho, e a convenceu. Não houve muita resistência, não houve briga, nem confusão.

               O objetivo desse post não é condenar esse tipo de ação. É apenas para refletirmos. Ir pro abrigo é realmente bom? Se sim, porque muitos preferem as ruas?; Morador de rua não tem direito de escolha? Ele é obrigado a viver em abrigo?; A polícia militar é necessária? Quando eu era criança, acreditava que polícia era pra prender bandido. Acredito que muitas pessoas ainda pensam assim. Será que é claro pra todo mundo que morador de rua não é bandido?

                Por fim, vou justificar a escolha do nome (gosto de fazer isso) pra esse post. 11 de setembro, né? Terrorismo, não só lá nos EUA, mas no Chile, com o golpe deEstado de Pinochet. Achei irônica essa ação aterrorizante para alguns (ouso dizer, muitos) moradores de rua justamente nesse dia. E o nada poético é porque sou muito favorável ao terrorismo poético. E porque ando pensando em fazer algo nesse sentido. Mas fica pra outro(s) post(s).




 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fale você também ;)