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11 de janeiro de 2013

Resenha: Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago


      Vontade de me bater por ter demorado tanto para ler esse livro. Anos e anos disponível na minha casa e eu, cheia de preconceitos por conta da falta de pontuação nos textos de Saramago (hahahah), retardei tanto a leitura dessa obra maravilhosa.

       Ensaio sobre a cegueira é a história de uma sociedade que, de repente, encontra-se cega. A cegueira não tem explicação, é descrita apenas como um clarão branco. E através deste livro percebemos o quão animalescos somos em nossa essência, e que só nos preocupamos tanto com nossa autoimagem e a moral por uma questão simples: estamos sendo vistos.

     Saramago consegue, com uma visão de narrador onipresente, nos passar diferentes sensações e pontos de vista. Apesar do distanciamento que a voz impõe, conseguimos sentir o desespero do primeiro a cegar, a paixão da mulher do médico por seu marido, a falta que uma criança sente de sua mãe, etc. Outra coisa que marca muito no livro é a ausência de nomes, fazendo com que os leitores aprendam a identificar os personagens de uma maneira totalmente inédita, como se também tivessem que lidar com o novo, bem como os personagens lidam com a cegueira.

      A revolta me atingiu logo no início, ao perceber a estratégia do governo, cujo real interesse era que os cegos morressem, de modo a não espalhar ainda mais a epidemia. Mas chegou ao auge quando surgiu um grupo de cegos “maus”, que roubaram outros cegos e estupraram mulheres.

    A narrativa é tão incrível que, ao fechar os olhos, imaginei cada detalhe, desde o início, quando o ambiente vai, cada vez mais, se tornando sujo e insalubre, até o fim.

    Os parágrafos longos, sem vírgulas, não se tornam um problema, porque o leitor dessa obra não precisa de pausas. Ele não quer pausas. Ele quer logo saber o desfecho dessa trama, que não poderia ser melhor. Pode parecer óbvio, mas o livro dá tanto “pano pra manga”, que não é tão óbvio assim. É quase que um milagre.

    Você consegue se afeiçoar a alguns personagens, muda de opinião sobre outros, e tem asco gigantesco por vários. É um livro que prende, choca, surpreende e encanta. Maravilhoso.


Nota: 10, com louvor!

5 comentários:

  1. Eu adorei o livro também...Preciso reler....

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  2. Acompanho seu blog tem algum tempo, adoro seus texto e você é realmente muito boa! Faço Direito, mas sempre tive vontade de cursar jornalismo, o que me amedronta é isso de "não precisa de diploma", rs... Tenho medo de não dar certo e tal... Enfim, parabéns pelo seu blog!

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    1. Olha, não deixa essa necessidade de diploma te amedrontar não. Os melhores lugares, os mais sérios, sempre vão preferir alguém formado (e bom, óbvio) a alguém tão bom quanto, mas sem diploma. O diploma sempre acaba sendo um diferencial. Se está insatisfeit@, troca de curso! Ou então se forma em direito e depois pensa em algo a ver com jornalismo. Dá muito certo unir as duas áreas. Esse período estou cursando uma disciplina, Jornalismo e Criminologia, que é tudo a ver. Beijos!

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