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18 de agosto de 2013

O Renascimento do Parto

Fui assistir ontem o documentário "O Renascimento do Parto", um filme de Érica de Paula e Eduardo Chauvet, que trata de uma questão seríssima e que venho me interessado muito: a indústria da cesárea e a questão do parto (e tudo que ele envolve). Deixo aqui o link para uma matéria que fiz sobre o tema.

Ele acabou de estrear e eu espero sinceramente que muita, mas muita gente assista. Por isso vou tomar cuidado para não fazer spoilers.



O filme conta com depoimentos de especialistas que criticam a chamada indústria da Cesárea. Ocorre que no Brasil 52% dos partos realizados são cesarianas, índice muito maior do que o recomendado pela OMS, de 15% (a mesma taxa de partos que resultam em complicação). O problema não está na cesariana em si, mas na utilização desta de forma desnecessária, uma vez que o parto é um ato fisiológico, e não deve ser tratado como uma doença.

Além dos especialistas (médicos, obstetras, parteiras, doulas, etc) muitas mães são entrevistadas e seus relatos constituem denúncias: muitas foram convencidas durante a gravidez que a cesárea era a melhor opção; médicos que se recusam a fazer parto normal; e até mesmo armações para que a mulher acredite que sua gravidez é de risco, quando não é.

O filme é incrível, desmistifica cada ponto, fala sobre dor, segurança, e tantos outros pontos que muitas vezes nem passam pela nossa cabeça. Como não pensamos que a forma que chegamos ao mundo nos influencia pelo resto da vida? Agora me parece meio óbvio. Entender que não é uma questão de sobrevivência - "ele nasceu saudável" - os bebês tem que nascer BEM.

E, por fim, o que mais me chocou é que a comparação é inevitável. Ver uma cena de um bebê nascendo de cesárea e ver uma cena de um bebê nascendo de forma natural. É incomparável. É chocante. As mães tendo um trabalho de parto repleto de tranquilidade, com o apoio do parceiro, de forma confortável... e cortava para a cena seguinte, com mulheres deitadas em uma cama de hospital, como se estivessem doentes quando... não estavam. Ver que na cesárea o bebê e a mãe quase não tem contato imediato, que tudo é feito com certo ''afastamento'', como se fosse uma linha de produção... e cortar pra cena em que o bebê nasce quase que sozinho, só com a força da mãe, cai em seus braços e já vai direto pro seu seio mamar...

O Renascimento do Parto é simplesmente maravilhoso. Muito bem feito, redondinho, eu sinceramente não mudaria nada. Todo mundo tem que ver, quem quer ser mãe um dia principalmente, mas não só. É uma denúncia sobre uma coisa bizarra que está acontecendo bem debaixo dos nossos olhos.  Violência obstetra é muito mais comum do que imaginamos, e precisamos denunciar e mudar isso.

É complicado porque, como bem dito no filme, não existe um único culpado, mas uma série de fatores: os planos de saúde que pagam mal, o SUS que não oferece de fato opções para a parturiente,  os médicos que precisam fazer um bom salário e por isso não podem ficar a disposição de uma paciente de parto natural... enfim, realmente uma série de coisas que precisam ser modificadas para que a escolha possa ser MESMO da mulher. Para que seja o melhor pra ela e pro seu filho, e não delimitado por fatores externos que são diretamente ligados a capital, dinheiro, lucro. Quanto vale uma vida? Quanto vale nascer bem? Quanto vale o momento mais importante da vida de um casal que está tendo seu filho? Quanto vale VIVER bem?


Assistam O Renascimento do Parto! :) Mas levem lenços... porque é de chorar do início ao fim.

(Acho que nem precisa falar, mas a nota é 10!)



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